Superego

Tanto tempo com essa máscara
Não lhe reconheço mais
Super-eu, supernova,
Superego

Super homem sem sucesso
Sem história e sem mistério
Fruto desse mundo complexo
De máscaras trocadas

Super-herói de um mundo perdido de tédio
Onde todos são heróis de suas vidas frustradas
E suas máscaras, de tanto usadas
Já se vêem dilaceradas

Vidas amordaçadas
Armaduras enferrujadas
Maquiadas, camufladas...

Falta de coragem
De botar a cara a tapa
De saber a verdade que se passa
Escondidos em couraças

carapuças engomadas
Tão finas e arrojadas
Que já cobrem suas caras
Mofadas pelo tempo, sem piedade

E eu com minha face escancarada
Já foi tanto esmurrada
Que, já descrente dessa raça,
Sabe que nada vai mudar

Refletir

Refletindo nas águas
Meu rosto a pensar
Correndo entre as pedras
o tempo

Por entre meus dedos
Idéias corridas
Águas passadas
Em forma de gelo

E se agora as águas correm
E se deixam levar
Sem forçar o percurso
Nem o chegar

Não vou intervir nas raizes e pedras
Vou contorná-las
Seguindo o leito do rio
Deixando-me guiar

Reflexões a beira de um rio
O tempo a correr pelas pedras
Na cabeça as idéias
Reflexos do céu que eu estava a imaginar