Livro de Bolso

Eu sou refém da minha poesia
Porque, mesmo que não queira, estou lá
Ela escreve além do que quero
Além do que digo
Até o que temo dizer, digo nela
ela revela todas minhas mentiras e mazelas

A poesia ao me ler, me interpreta
Me reflete em seus desejos,
seus anseios e em seus gostos
Desvenda meus subentendidos mal lidos,
meus pressupostos

Ao me ler é bem discreta
Sabe dos murros e beijos
Meus rostos inteiros
Minha vida secreta

Sabe de meu passado banido
Um veneno mal dito
Com verbos ocultos

Me pega nas mãos
Me envolve o pescoço

Num livro de bolso