Nem todo escritor é poeta, nem todo fotografo também é. Existem aqueles jornalistas, os que põem a informação em primeiro lugar e, sem dar nenhuma brecha, passam a informação a diante com tremenda precisão. Ao mesmo tempo existem os poetas, que sugerem e trabalham nos implícitos, e se dão por completo às interferências, sugestões e interpretações alheias.
De mesmo modo caminha a fotografia. Com sua função de registro os foto-jornalistas não dão espaço para interpretação. Mostram o que é e como é. Já os fotógrafos-poetas, não. Eles trabalham nos implícitos.
Os artistas sempre trabalham nas sombras. Nenhum artista "é". Os implícitos poéticos são as sombras das fotos. Nesses espaços existe apenas o vago, a possibilidade, e é nessa possibilidade que pode surgir qualquer coisa. As luzes apenas sugerem, enquanto as sombras abrem espaço para qualquer possibilidade de interpretação.
É nesse ponto que se diferenciam os fotógrafos-poetas dos demais. Eles apenas sugerem o que pode ser a foto, e o leitor se vê maravilhado pela beleza do infinito de possibilidades que aquilo lhe proporciona.
A sombra é algo mágico. É o relevo, a textura, o vazio, o implícito, oculto... Quando os fotógrafos perceberem que não é a luz que eles querem, e sim a sombra, eles se tornaram não só fotógrafos, mas também poetas. Porque a luz só se percebe na escuridão.